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Yemanjá

17/03/2012 12:16

Divindade cultuada pelos yorubás da nação Egbá.

Na África, o orixá que reina nos oceanos é Olokun e, segundo consta, é o pai de Yemanjá. Ela, por sua vez, fixou seu reinado nos lagos (de água doce e salgada), enseadas, quebra-mares e na junção entre rios e mares (pororoca).

No Brasil, Olokun é praticamente desconhecido, ao passo que Yemanjá é a grande senhora dos mares. Os pescadores brasileiros têm por ela verdadeira adoração, sendo uma poderosa protetora nos momentos de perigo, e companheira, quando a solidão do mar os invade. Eles acreditam que, se morrerem no mar, Yemanjá, em pessoa, irá conduzi-los para sua derradeira morada, e, nessa hora, poderão apreciar a deslumbrante beleza dessa mãe das águas. Orixá responsável pela concepção da vida, pela fertilidade, é totalmente ligada às águas, sendo denominada a mãe dos filhos peixes. Como sabemos, tanto pelas descobertas científicas como pelas antigas lendas africanas, a vida desenvolveu-se primeiro na água. Por isso, Yemanjá é detentora do poder da criação, ou concepção dos seres vivos.

Na mitologia, ela foi mãe de Ogun e Odé, além de adotar como filhos outros orixás, como Obaluaiê e Omolu, que foram rejeitados por sua verdadeira mãe. Yemanjá possui um grande instinto maternal, sabendo cuidar com muito zelo de seus protegidos.

É, muitas vezes, associada às sereias, mas, na verdade, é um orixá, e, como tal, não tem forma humana nem animal. Em todo mundo, diversos povos cultuam essas divindades que habitam as águas do mar, assumindo as mais diversas formas.

Nós, seres humanos, também somos formados por água, possuindo uma pequena parte desse elemento de Yemanjá em nosso corpo. Por causa disto, é que no obori (dar comida à cabeça), ritual realizado tanto para fortalecimento do corpo da pessoa (que irá receber a energia do orixá) como para compensar o adiamento de uma obrigação do Candomblé, serão feitas oferendas também para Yemanjá, além do próprio orixá da pessoa. Todos os seres têm uma grande ligação com esse orixá, inclusive os filhos de orixás pertencentes ao elemento fogo, como Xangô.

Os iawôs têm sua cabeça e os pés pintados de azul em homenagem à Yemanjá, porque ela, segundo algumas lendas, queria que todo ser humano fosse azul, como a cor de suas águas, ao invés dessa cor que se assemelha à terra.

A maior parte das qualidade ou formas desse orixá são fun-funs, tendo o predomínio da cor branca. Mas existe uma qualidade, muito ligada a Exú, que usa cores escuras, como o vermelho. Essa forma de Yemanjá recebeu, de Exú, poderes de premonição, em gratidão a um favor prestado. Segundo as lendas, Oxalá tem muita atracão por Yemanjá, mas não por essa qualidade. Se um filho desse orixá sair no barracão incorporado, nenhum noviço de Oxalá pode estar em transe, para não haver problemas.

Yemanjá tem dias especiais de culto no calendário brasileiro, onde são realizadas muitas festas religiosas, com oferendas de barcos enfeitados, flores, espelhos, pentes, etc.

Geralmente, os pratos à base de peixes e frutos do mar são oferendas tradicionais para Yemanjá. Particularmente, não acho correto oferecer esse tipo de comida, pois os peixes são filhos desse orixá, e nenhuma mãe iria gostar de receber, como oferenda, um filho morto. Estou certo de que muitas pessoas não irão concordar com esse meu conceito, mas acredito que a minha afirmação é muito lógica.

O domínio de Yemanjá compreende a zona de arrebentação das ondas ou quebra-mar, e não a praia. O mar despeja todo o seu lixo na areia da praia, que é um lugar onde não devem ser feitas oferendas, a não ser para o orixá Ogun Xoroque. Essa qualidade de Ogun se encarrega de levar ebós, e de fazer a limpeza do universo.

Yemanjá é o orixá da paz, da ausência de conflitos e da fartura.

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